Monday, September 3, 2007

Incapaz

Como gostaria de um dia olhar em frente, seguir o caminho que tão escuro se fez, iludir as pedras gastas da calçada, desafiadas por alguém que se disse capaz.
Como gostaria eu! Pés inocentes nessas pedras tão frias, tão seguras. Escondidas nas sombras de grandiosos feitos, apoiada em alicerces pouco convenientes, perdida aí num lugar, mágico em tempos, que hoje nem sol merece.
Como gostaria de sentir a areia fria, ouvir suplícios de benevolência, compaixão talvez, enterrar a mão na areia, sentir os grãos a escaparem-me por entre os dedos, tal e qual como tu. Como gostaria de te olhar, ver-te tocar doces melodias, estudar esses acordes tão subtis dessa estimada guitarra. como gostaria eu! Olhar o céu e ver-te talvez, nessa pose tão real, tão cuidada, tão tua. amargura de uma noite gelada, pouco me importaria se a chuva me encharcasse de tão seca que é a falta de palavras. Olhares perturbantes trocados, diluídos em distracções irracionais. É um "posso e quero" das novas gerações, que nem à luta vão. É um "dá-me" ordenado, nada pedido, porque hoje em dia tudo é mandado.
Ontem era um quero-te, hoje nada é.
Como gostaria eu! Seguir-te, correr atrás do tempo, sentindo cada segundo passar por mim, tla e qual como a respiração ofegante de quem já desistiu.
Pudera eu desejar e receber, pudera eu desejar e receber, pudera eu sentir de novo o cheiro da espuma do mar ou a essência da calçada lisboeta. Um norte ou sul nada definido.
Como eu gostaria! Explicar tudo isto por meras palavras escritas, não olhar em meu redor pedindo a alguém que perceba... se nem eu compreendo.

Tuesday, June 26, 2007

Palavras, para que te quero

Queria escrever qualquer coisa, mas qualquer coisa me falta. Gostava de agora poder inundar estas linhas de palavras sentidas, saídas fesquinhas da minha cabeça, não-pensadas, não-editadas. Queria apenas escrever. Poderia escrever o teu nome, é certo, mas tal iria chamar as lágrimas, e lágrimas é o que eu não quero. Só queria palavras.
Olho para a folha vazia, e algo me dói. Nem a música me inspira, e eu, cada vez mais deprimida, rabisco algo no canto desta coisa tão branca. Rabiscos apenas. Pequenos erros num lençol de pureza. Folha, tão branca que é, e mesmo assim tão vazia. E no entanto, de rabiscos não passam, e eu queria palavras.
Um chá parece acalmar-me, mas nem assim me traz de volta a inspiração. Noutros dias, teria fechado este meu caderno, mas hoje e agora, sinto que tenho de escrever algo. Qualquer coisa.
Folha, tão vazia! Pudera eu encher-te de palavras, de vírgulas, de acentos, de pontos finais, de ideias. De desenvolvimentos, de histórias, de metáforas.
Quero escrever para mim, pois sou o meu melhor público.
Mas nada sai. Talvez fosse boa ideia escrever sobre um segredo? Duas linhas bastam, só preciso de soltar este monstro horrível que me está a sugar toda esta vontade, só preciso de duas linhas para poder desfazê-lo em mil pedaços.
Não contes o segredo a ninguém, lembra-te de nós, de todos os momentos, e não o contes a ninguém. Guarda-o para ti, bem guardado e poderás admirá-lo sempre que quiseres, quando te sentires sozinho. É um segredo apenas, bem sei. Mas é o meu segredo. Não consigo escrever, mas há-de sair qualquer coisa. E só para que saibas:
Começou a chover agora, dessa nuvem habitante dos meus olhos que transformava em cinzentas as minhas amarelas e soalheiras admirações.

Tuesday, June 19, 2007

Precisamos

“Todos precisamos”. É-nos tão essencial. Também eu preciso. Preciso de um lugar, surreal e encantador, de um minuto, lento e silencioso. Inevitavelmente, e ironicamente também, a solidão aos poucos vai fazendo bem. Telemóveis desligados, ruídos abafados, não quero histerias, não quero desabafos, não quero pedidos de socorro. Quero o meu tempo. Quero a minha paz de espírito.
Não preciso de nenhum lugar paradisíaco, não preciso de sol, se a chuva miudinha bater na janela sem me incomodar, nenhum mal me fará. Não preciso de férias, nem de dinheiro. Quero o meu conforto, quero sentir-me bem sem ter de ver que os outros também se sentem. Deixem-me ser, hoje e só hoje, um pouco egocêntrica, deixem-me olhar, agora e de relance, para o meu umbigo, deixem-me, sem dar muito nas vistas, imaginar que afinal até sou o centro do mundo. Deixem-me escrever Eu com maiúscula e mostrar aos outros o que valho. Deixem-me sossegada, aqui no meu canto.
Podes dar-me a minha paz de espírito? Dá-ma embrulhada naquele papel tão suave. Aproveitá-la-ei quando sozinha me encontrar, gozá-la-ei naquela sala branca, de cortinados caídos sobre o chão, naquela sala vazia, com pensamentos escritos na parede à espera que alguém os verbalize. Naquela sala tão nossa, característica, com a qual todos sonham e ninguém a encontra. Dá-me a minha paz de espírito e prometo que para sempre te respeitarei. Tenta, preciso dela. É fácil, afinal não se compra, não se ganha. Merece-se e tem-se.

Saturday, June 9, 2007

Pequenina reflexão

Já lá vão 17 anos. Para muitos, poucos. Para alguns, muitos. São os meus 17 anos. Aprendi, entre muitas outras coisas, mais um bocadinho do significado de amizade. E percebi, que não vale mesmo a pena chorar, refilar, espernear e partir copos se alguém de quem gostávamos muito nos abandonou e não quis mais saber de nós. Não vale mesmo a pena. Vale a pena é agarrarmo-nos aos que cá estão connosco, e que querem saber de nós.
Aproveito então, no seguimento do último dia de aulas, para reflectir sobre quem tenho comigo. Amigos e colegas. Amizades fortificadas, algumas esquecidas, relações escolares transformadas nas mais puras confidências.
E o que é que aprendi este ano?
Além da filosofia, de português, de matemática, aprendi que o nosso dever é mesmo estar com quem está connosco. Faca perigosa essa. Mas traz sempre coisas tão boas.
Chora, ri, grita, mas fá-lo com quem te sentes bem. Com quem te agarra quando estás a ficar desesperada. Com quem te dá um sorriso que te reconforta. Com quem é mesmo teu amigo!

Friday, June 1, 2007

Desabafo

A minha gata não para de miar.
Hoje acordei com frio, mas fez calor.
Hoje, supostamente, não se podia fumar nos cafézitos, mas fumei (e muito).
Hoje o creme de cenoura estava muitá bom (como sempre).
Hoje fiquei em casa a vegetar.
Neste momento estou a vegetar.
Estou a ter um daqueles momentos em que tenho calor, mas se tirar o casaco tenho frio, e vice-versa.
Ainda tenho dois testes e um trabalho para apresentar.
Acho que a gata tem fome, mas hoje já comeu demasiado.
SEde também não tem.
Ok, só me quer chatear o juízo e causar-me grandes ataques de alergia. *ESPIRRO*
Falta uma semana para acabar o aninho escolar.
Uma semana. E depois estudar e cafés, cigarros e PAC's, agricultura e caracóis, praia e transportes.
E depois, adeus.
Monte Gordo.
Tirei o casaco e tenho frio.
ALGUÉM PODE LEVAR A GATA DAQUI SE FAZ FAVOR?

Wednesday, May 30, 2007

Já não se usa

Hoje, chegada à escola: portões fechados, greve. Alunos contentes. Ainda deu para uma manhã bastante agradável :D Greve? Geral. Pelo quê? Pelo fim da guerra, pela fome? Pela paz no mundo? Pela união? Não me parece. Grande utopia essa... Já não se usa.
Pensem sobre isso.
(Recorda-me a conversa com a Lu no Swell: Baleias azuis, refeições vegetarianas, reciclagem...)

Tuesday, May 29, 2007

Mais um aniversário

O melhor deste dia? O almoço de anos do Xoné. Porquê? Porque houve champagne, bolo, e um bebé "com o cu virado para cima". Porque eles molharam-se todos e eu não. Porque o nosso grupo passava e cheirava a vinho. Ahah! Parabéns, já sei que agora tens 18 e não 19, ou 20. E acho que sim, que fizeste muito bem em virar a barcaça, porque a aula de história foi bonita sim senhora. Quem é que tem a coragem de ir alterado para uma aula? Só o Xoné. Viva, viva, viva... E muitos parabéns. :)

Obs.: Não vou esquecer o traumatismo craniano que provocaste ao bebezito, coitadiiito! *

Monday, May 28, 2007

Parabéns Amizade.


Carta a um amigo

Escrevo esta carta à alma que me sustenta. Escrevo esta carta ao ombro amigo onde já tenho depositado lágrimas de saudade. Escrevo esta carta ao sorriso humano, imperfeito como todos, e mesmo assim divinal. Escrevo esta carta à companhia de muitas horas, minutos, segundos. E preciosos instantes.
Peço-te, não companhia para sempre mas para sempre a tua companhia. Peço-te as mais belas piadas, para que eu, só contigo, possa rir quando o mundo desabar sobre mim. Conta-me histórias de heróis que venceram tudo e todos, lutando pelo que queriam, defendendo o que acreditavam, e eu acredito que a nossa amizade é eterna.
Dá-me a certeza de que nunca me deixarás sozinha, fica comigo, mesmo que eu não queira. Fica presente, não te transformes em mais uma amizade ausente.
Fica até o sol nascer, poderás ficar até ele desaparecer? Não me fujas, não me escapes por entre os dedos como já fracos grãos de areia me escaparam, não me desapontes, não me pregues nenhuma rasteira para eu não cair num choro silencioso.
Dá-me um abraço, um longo e profundo abraço, e diz-me que não te esqueces de mim. Faz-me acreditar que posso contar contigo. Protege-me da chuva e do vento que teimam em fazer-me cair. Mostra-me que a amizade é intemporal, mostra-me que consegues fazê-lo a alguns quilómetros de distância. Faz-me ter saudades tuas, para que possa voltar a pensar em ti, e escrever mais um pouco. Para que possa pensar em ti, e sorrir mais um pouco. Para que possa falar de ti e dizer: “Ele é meu amigo”.

Joana M.

- Um obrigada pelas horas divertidas, pela televisão com imagens desfocadas, pelo lugar quentinho, pelas panelas incómodas, pelos minutos de silêncio onde me gritaram aos ouvidos. E obrigada, acima de tudo, por naquela noite te sentares ao pé de mim e balbuciares qualquer coisa, só por isso estou aqui, agora, a escrever patetices poéticas para ti. Toma isto como a tua prenda, mas é a coisa mais sincera que te posso dar: o que me vai na alma. Obrigada, pela amizade. Obrigada, por me deixares ser tua amiga. E um obrigado ao Aníbal que está cheio de notas de 200€ (também não podia ser tudo sério...). Adoro-te, disso nunca duvides.
(A menina que pensava que o estendal era um poste de electricidade)

Sunday, May 27, 2007

Que beleza


Já que "abri" o blog hoje, aproveito enquanto é novidade e faço post's até não poder mais, ou simplesmente até perder a paciência. E aproveito e deixo aqui uma fotografia que adoro, tirada no metro do Jardim Zoológico, dia 11 de Maio, quando já só faltavam algumas horas para os meus 17 anos. Sorriso grande, pose ansiosa! E deixo aqui também um beijinho às meninas da fotografia, das quais eu gosto muito, que me fizeram muiiito feliz por terem ido ao meu jantar.

É verdade. À Rita, que me devia dar o prémio nobel da paciência, à Irina que me dá aquelas bolachinhas tããão boas, à Ritinha que também é uma querida, à Ju a quem eu mando um grande "AHAH", à Fofy que é a minha amigona e cúmplicee à Iris que é uma querida também: um OBRIGADA não só por terem estado presentes no meu jantar como também actualmente na minha vida.

17 aninhos muito bons! Para recordar :)

Fim.


Pestanejas e engoles em seco: já não sabes nada. É uma pergunta tão simples. Sentada ao teu colo, olho de relançe para o vidro, agora cheio de pó e reflexos de luz, vejo-nos angustiados.
Ainda não me respondeste e começo a ficar assombrada pela dúvida. Esboço um sorriso amarelo, na esperança de que consigas balbuciar qualquer coisa, mas nem isso te dá força. Repito a pergunta, procuro saber o porquê de tanto medo, de tanta indecisão. Olho para ti e vejo alguém que nem sabe de onde veio.
Os teus olhos revelam agora tristeza e sobretudo indecisão, e que olhar tão perdido me lanças! Começo a sentir-me insegura e é então que abres a boca e me dizes, nesse teu jeito: “não sei”. Era a única resposta que nunca quis ouvir, finalmente conseguiste responder-me sem me responderes. Mostro-me satisfeita e levanto-me. Num impulso de ódio, entre suspiros e incertezas, querendo unir-me a ti e fingir que está tudo bem, mas incapicitada de tal coisa, quebro a ténue linha que nos unia, consumindo o ar envolvente e afastando por fim, antigas duvidas.
Amas-me? Por agora, acabou.
Acordo de manhã, o sol encandeia-me, não consigo ver, cheirar nem sentir. Aqueço o primeiro de muitos cafés neste dia que se adivinha muito exaustivo.
Decidi que hoje seria o último dia destas semanas que se têm arrastado entre nós. Já não há amor, nem sequer companheirismo. Somos agora como dois estranhos deambulantes pela casa, apoiados nestas paredes cansadas, trocadas, traídas.
E assim foi o adeus. Perdido, choroso, transformado num turbulento “até depois”.

Perfume

A doce essência convida a frescura, embala suavemente, acorda a ternura. Olhas-me nos olhos e tudo é perfeito, aquele teu belo odor que me deixa tão sem jeito. Quando a chuva cai, ou o sol bate nas cortinas, dizendo que o dia é nosso, parando o relógio, chamando o anoitecer, para que possa adormecer nos teus braços, respirando-te. A ti e ao teu doce perfume. Ama-me agora, e fala-me depois.