Sunday, May 27, 2007

Fim.


Pestanejas e engoles em seco: já não sabes nada. É uma pergunta tão simples. Sentada ao teu colo, olho de relançe para o vidro, agora cheio de pó e reflexos de luz, vejo-nos angustiados.
Ainda não me respondeste e começo a ficar assombrada pela dúvida. Esboço um sorriso amarelo, na esperança de que consigas balbuciar qualquer coisa, mas nem isso te dá força. Repito a pergunta, procuro saber o porquê de tanto medo, de tanta indecisão. Olho para ti e vejo alguém que nem sabe de onde veio.
Os teus olhos revelam agora tristeza e sobretudo indecisão, e que olhar tão perdido me lanças! Começo a sentir-me insegura e é então que abres a boca e me dizes, nesse teu jeito: “não sei”. Era a única resposta que nunca quis ouvir, finalmente conseguiste responder-me sem me responderes. Mostro-me satisfeita e levanto-me. Num impulso de ódio, entre suspiros e incertezas, querendo unir-me a ti e fingir que está tudo bem, mas incapicitada de tal coisa, quebro a ténue linha que nos unia, consumindo o ar envolvente e afastando por fim, antigas duvidas.
Amas-me? Por agora, acabou.
Acordo de manhã, o sol encandeia-me, não consigo ver, cheirar nem sentir. Aqueço o primeiro de muitos cafés neste dia que se adivinha muito exaustivo.
Decidi que hoje seria o último dia destas semanas que se têm arrastado entre nós. Já não há amor, nem sequer companheirismo. Somos agora como dois estranhos deambulantes pela casa, apoiados nestas paredes cansadas, trocadas, traídas.
E assim foi o adeus. Perdido, choroso, transformado num turbulento “até depois”.

1 comment:

Anonymous said...

gostei =)