Tuesday, June 26, 2007

Palavras, para que te quero

Queria escrever qualquer coisa, mas qualquer coisa me falta. Gostava de agora poder inundar estas linhas de palavras sentidas, saídas fesquinhas da minha cabeça, não-pensadas, não-editadas. Queria apenas escrever. Poderia escrever o teu nome, é certo, mas tal iria chamar as lágrimas, e lágrimas é o que eu não quero. Só queria palavras.
Olho para a folha vazia, e algo me dói. Nem a música me inspira, e eu, cada vez mais deprimida, rabisco algo no canto desta coisa tão branca. Rabiscos apenas. Pequenos erros num lençol de pureza. Folha, tão branca que é, e mesmo assim tão vazia. E no entanto, de rabiscos não passam, e eu queria palavras.
Um chá parece acalmar-me, mas nem assim me traz de volta a inspiração. Noutros dias, teria fechado este meu caderno, mas hoje e agora, sinto que tenho de escrever algo. Qualquer coisa.
Folha, tão vazia! Pudera eu encher-te de palavras, de vírgulas, de acentos, de pontos finais, de ideias. De desenvolvimentos, de histórias, de metáforas.
Quero escrever para mim, pois sou o meu melhor público.
Mas nada sai. Talvez fosse boa ideia escrever sobre um segredo? Duas linhas bastam, só preciso de soltar este monstro horrível que me está a sugar toda esta vontade, só preciso de duas linhas para poder desfazê-lo em mil pedaços.
Não contes o segredo a ninguém, lembra-te de nós, de todos os momentos, e não o contes a ninguém. Guarda-o para ti, bem guardado e poderás admirá-lo sempre que quiseres, quando te sentires sozinho. É um segredo apenas, bem sei. Mas é o meu segredo. Não consigo escrever, mas há-de sair qualquer coisa. E só para que saibas:
Começou a chover agora, dessa nuvem habitante dos meus olhos que transformava em cinzentas as minhas amarelas e soalheiras admirações.

Tuesday, June 19, 2007

Precisamos

“Todos precisamos”. É-nos tão essencial. Também eu preciso. Preciso de um lugar, surreal e encantador, de um minuto, lento e silencioso. Inevitavelmente, e ironicamente também, a solidão aos poucos vai fazendo bem. Telemóveis desligados, ruídos abafados, não quero histerias, não quero desabafos, não quero pedidos de socorro. Quero o meu tempo. Quero a minha paz de espírito.
Não preciso de nenhum lugar paradisíaco, não preciso de sol, se a chuva miudinha bater na janela sem me incomodar, nenhum mal me fará. Não preciso de férias, nem de dinheiro. Quero o meu conforto, quero sentir-me bem sem ter de ver que os outros também se sentem. Deixem-me ser, hoje e só hoje, um pouco egocêntrica, deixem-me olhar, agora e de relance, para o meu umbigo, deixem-me, sem dar muito nas vistas, imaginar que afinal até sou o centro do mundo. Deixem-me escrever Eu com maiúscula e mostrar aos outros o que valho. Deixem-me sossegada, aqui no meu canto.
Podes dar-me a minha paz de espírito? Dá-ma embrulhada naquele papel tão suave. Aproveitá-la-ei quando sozinha me encontrar, gozá-la-ei naquela sala branca, de cortinados caídos sobre o chão, naquela sala vazia, com pensamentos escritos na parede à espera que alguém os verbalize. Naquela sala tão nossa, característica, com a qual todos sonham e ninguém a encontra. Dá-me a minha paz de espírito e prometo que para sempre te respeitarei. Tenta, preciso dela. É fácil, afinal não se compra, não se ganha. Merece-se e tem-se.

Saturday, June 9, 2007

Pequenina reflexão

Já lá vão 17 anos. Para muitos, poucos. Para alguns, muitos. São os meus 17 anos. Aprendi, entre muitas outras coisas, mais um bocadinho do significado de amizade. E percebi, que não vale mesmo a pena chorar, refilar, espernear e partir copos se alguém de quem gostávamos muito nos abandonou e não quis mais saber de nós. Não vale mesmo a pena. Vale a pena é agarrarmo-nos aos que cá estão connosco, e que querem saber de nós.
Aproveito então, no seguimento do último dia de aulas, para reflectir sobre quem tenho comigo. Amigos e colegas. Amizades fortificadas, algumas esquecidas, relações escolares transformadas nas mais puras confidências.
E o que é que aprendi este ano?
Além da filosofia, de português, de matemática, aprendi que o nosso dever é mesmo estar com quem está connosco. Faca perigosa essa. Mas traz sempre coisas tão boas.
Chora, ri, grita, mas fá-lo com quem te sentes bem. Com quem te agarra quando estás a ficar desesperada. Com quem te dá um sorriso que te reconforta. Com quem é mesmo teu amigo!

Friday, June 1, 2007

Desabafo

A minha gata não para de miar.
Hoje acordei com frio, mas fez calor.
Hoje, supostamente, não se podia fumar nos cafézitos, mas fumei (e muito).
Hoje o creme de cenoura estava muitá bom (como sempre).
Hoje fiquei em casa a vegetar.
Neste momento estou a vegetar.
Estou a ter um daqueles momentos em que tenho calor, mas se tirar o casaco tenho frio, e vice-versa.
Ainda tenho dois testes e um trabalho para apresentar.
Acho que a gata tem fome, mas hoje já comeu demasiado.
SEde também não tem.
Ok, só me quer chatear o juízo e causar-me grandes ataques de alergia. *ESPIRRO*
Falta uma semana para acabar o aninho escolar.
Uma semana. E depois estudar e cafés, cigarros e PAC's, agricultura e caracóis, praia e transportes.
E depois, adeus.
Monte Gordo.
Tirei o casaco e tenho frio.
ALGUÉM PODE LEVAR A GATA DAQUI SE FAZ FAVOR?