Saturday, October 18, 2008

De volta. (C:\Joana\Docs\Meus Textos)


Sentada num rochedo, observo a vida aos meus pés.
O ponto de origem está cravado sobre o mar, sobre as ondas sufocantes que, com toda a sua força, me beijam a alma. Todo o qualquer ruído transforma-se agora numa hora muda e nua que repusa no colo do céu, calmo e discreto, no conforto e na empatia da natureza.
Nasce em mim o poder de reflexão, a vontade de olhar para dentro, de descobrir a força que o mar furioso me dá. Há horas inquietantes, que se dissipam com a maresia.
A espuma, curiosa, cobre os cinzentos e ásperos rochedos e, num jeito de ironia, efémeros. A vida começa e acaba aqui – nasci no berço do mar, cresci com a melodia do doce inverno, dormi sobre a fria espuma, repousei os pés cansados na infinita areia que, como a minha vida, me mata.
O ponto de origem mora aqui. É aqui que encontro, reencontro e perco. É aqui que vivo, onde os sorriso molhados pelas lágrimas e a música que transparece nas guitarras decoram a paisagem do “eu”.
Pela última vez, olho o mar. E a dança bruta da ondulação ilustra o assumido estado de espírito. E agora? Agora choro. Grito, esperneio. Só porque hoje renasci.

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