Queria escrever qualquer coisa, mas qualquer coisa me falta. Gostava de agora poder inundar estas linhas de palavras sentidas, saídas fesquinhas da minha cabeça, não-pensadas, não-editadas. Queria apenas escrever. Poderia escrever o teu nome, é certo, mas tal iria chamar as lágrimas, e lágrimas é o que eu não quero. Só queria palavras.
Olho para a folha vazia, e algo me dói. Nem a música me inspira, e eu, cada vez mais deprimida, rabisco algo no canto desta coisa tão branca. Rabiscos apenas. Pequenos erros num lençol de pureza. Folha, tão branca que é, e mesmo assim tão vazia. E no entanto, de rabiscos não passam, e eu queria palavras.
Um chá parece acalmar-me, mas nem assim me traz de volta a inspiração. Noutros dias, teria fechado este meu caderno, mas hoje e agora, sinto que tenho de escrever algo. Qualquer coisa.
Folha, tão vazia! Pudera eu encher-te de palavras, de vírgulas, de acentos, de pontos finais, de ideias. De desenvolvimentos, de histórias, de metáforas.
Quero escrever para mim, pois sou o meu melhor público.
Mas nada sai. Talvez fosse boa ideia escrever sobre um segredo? Duas linhas bastam, só preciso de soltar este monstro horrível que me está a sugar toda esta vontade, só preciso de duas linhas para poder desfazê-lo em mil pedaços.
Não contes o segredo a ninguém, lembra-te de nós, de todos os momentos, e não o contes a ninguém. Guarda-o para ti, bem guardado e poderás admirá-lo sempre que quiseres, quando te sentires sozinho. É um segredo apenas, bem sei. Mas é o meu segredo. Não consigo escrever, mas há-de sair qualquer coisa. E só para que saibas:
Começou a chover agora, dessa nuvem habitante dos meus olhos que transformava em cinzentas as minhas amarelas e soalheiras admirações.
Tuesday, June 26, 2007
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